Kenji Hamada tinha 42 anos quando morreu de ataque cardíaco, em Tóquio, no Japão. Ele trabalhava 75 horas semanais (15 horas/dia de segunda a sexta ou 9,3 horas/dia de domingo a domingo) e ainda levava 2 horas para chegar ao trabalho.

Antes da sua morte, ele havia trabalhado 40 dias seguidos sem tirar folga.

Já nos Estados Unidos, estima-se que 120 mil pessoas morrem todos os anos por causa do trabalho e suas consequências: como insegurança econômica, conflito de família e trabalho, longas jornadas, estresse excessivo e falta de controle no ambiente corporativo.

As empresas de lá estão começando a se preocupar com o aumento dos custos com a saúde dos funcionários. Os gastos per capita aumentaram 29 vezes em 40 anos, superando o crescimento econômico.

 

E no Brasil, 78 por cento das pessoas sofrem por doenças e sofrimento psicológico tanto pela falta quanto pelo excesso de trabalho.

Ou seja, enquanto ainda nos recuperamos de uma crise econômica que deixou milhões de pessoas desempregadas, muitas outras estão adoecendo justamente em seus empregos.

A pesquisa foi feita com o sociólogo Ruy Braga, em parceria com uma consultoria especializada em cultura organizacional com mais de 800 entrevistados, e mostrou que a saúde deles havia se deteriorado em praticamente todos os níveis de ocupação.

Ansiedade, depressão, insônia, síndrome do pânico, burnout, remédios controlados, álcool e drogas estão entre algumas das consequências listadas.

 

Brasil como Caso Internacional

Um estudo realizado pela International Stress Management Association (Isma), constatou que o brasileiro está ficando mais doente no ambiente de trabalho.

Um em cada três brasileiros sentiu o estresse com o trabalho, perdendo apenas para os trabalhadores japoneses, dentre os quais 70 por cento se dizem estressados com as jornadas de trabalho.

O Brasil não estava no top 10 deste ranking há mais de 10 anos.

Assim como nos Estados Unidos, as empresas daqui estão ficando preocupadas com isso, e começam a criar alternativas para tornar o ambiente de trabalho mais “agradável”.

Como programas de bem-estar, ioga no almoço, meditação, puffs e salas de jogos, entre outros “mimos” para funcionários.

É uma forma de reduzir gastos com a falta dos funcionários por motivo de atestados médicos, licença para tratamento de saúde, redução na produtividade, despesas de seguro-saúde, ações de indenização dos trabalhadores que processam empresas por terem adoecido, entre outros.

Jeffrey Pfeffer, professor de comportamento organizacional da Stanford Graduate School of Business e autor do livro Dying for a Paycheck [Morrendo por um Salário, em tradução livre], diz que as empresas estão perdendo completamente o objetivo:

Oferecer ioga na hora do almoço para trabalhadores estressados ignora a verdadeira razão pela qual os trabalhadores estão tão estressados: práticas de gerenciamento como longas horas de trabalho, horários imprevisíveis, chefes tóxicos e e-mails fora do horário comercial. Não são os trabalhadores individuais que fazem más escolhas sobre sua saúde que os deixam tão doentes.

Nos últimos anos, tanto o perfil das empresas quanto dos funcionários mudaram drasticamente. Muitos profissionais não estão aceitando extensas rotinas de trabalho, e o burnout (síndrome do esgotamento) está se tornando cada vez mais comum.

Empresas com modelos ultrapassados de liderança e focados na Gestão por Controle estão perdendo cada vez mais espaço e talentos para o mercado.

Por isso, cabe a líderes e a seus departamentos de Recursos Humanos trabalharem juntos para ajustarem esses problemas dentro das organizações.

Com base em mais de 10 mil gestores e profissionais de RH, a StartSe identificou que essa área está se tornando o novo pólo de inovação dentro das corporações.

Com algumas iniciativas para ajudar a tornar a vida dos colaboradores menos estressantes — como orientar as lideranças e gestores sobre novos modelos de gestão e boas práticas corporativas — essas mudanças serão muito mais fáceis dentro da empresa.

 

Fonte: Startse

Deixe um comentário