1 – Nem Só de Unicórnios Vivem os Investidores
Nem só de aquisições bombásticas e unicórnios vive o mundo das startups . As aquisições low-profile com amplos e diferenciados objetivos são uma realidade alcançada por startups de diferentes ramos, mas a falta de pomposidade não torna essas aquisições menos interessantes para os empresários e investidores. Apesar de não se tornarem notícias em grandes veículos, tais aquisições possibilitam desdobramentos interessantes e variados. Mas quais são essas possibilidades?
Em geral, as empresas são adquiridas por sua tecnologia, para que esta seja absorvida por uma companhia maior e facilite sua entrada ou relevância em um setor. Esse foi o caso da aquisição de três startups pela Sapore no início deste ano. A empresa adquiriu a Lucco Fit, de marmitas congeladas; a Zatt, um supermercado autônomo; e a Shipp, de delivery. A aquisição das empresas foi justificada por aumentar sua capilaridade e nichos de mercado.
Também, pode ocorrer para melhorar um serviço já oferecido pela companhia, mas que foi feito de maneira melhor por uma startup. Infelizmente, algumas dessas aquisições têm como único objetivo eliminar um concorrente que está ameaçando a posição de dominância de uma companhia. Um tipo mais nobre de aquisição é o acquihire (aquisição com o objetivo de contratar), o qual será meu foco devido ao seu potencial para investidores e pouca exposição midiática.
Acquihire
A forma mais conhecida deste tipo de aquisição é o chamado acquihire, em que a empresa é adquirida não necessariamente por sua ideia ou produto, mas com o objetivo de integrar seu time de colaboradores à empresa que adquiriu. Neste caso, o talento da equipe da startup é tido como valioso para desenvolver um produto novo ou adaptar seu produto existente aos moldes da nova empresa. Além disso, a compradora espera que os profissionais possam contribuir em outras áreas da companhia.
Esse cenário não é somente comum em startups, ocorrendo também nas grandes corporações. Em 2014, a gigante da tecnologia Apple comprou a Beats por 3 bilhões de dólares. O objetivo que não era claro no início, já que a Apple já possuía acessórios de áudio no momento da aquisição, ficou claro com o tempo. O objetivo da gigante era criar seu serviço de streaming para competir com nomes já reconhecidos da área, como o Spotify. O time da Beats tinha valor superior aos seus produtos, o que a Apple almejava com a aquisição eram os profissionais com contato próximo às gravadoras, que conseguiriam fechar contratos com as grandes distribuidoras musicais.
Mas esse fenômeno não ocorre somente com grandes empresas, sendo replicado no mundo das startups também. A ServiceNow, por exemplo, adquiriu a propriedade intelectual e membros chave do time da Appsee, empresa de análise de comportamento de usuários de apps móveis. É importante ressaltar que a ServiceNow não adquiriu os consumidores da Appsee, que deve encerrar suas operações nos próximos meses, demonstrando o interesse pela propriedade intelectual e talento da empresa, ao invés de manter a marca e continuar oferecendo o serviço a terceiros.
Outro exemplo foi a aquisição da VezaMart, uma plataforma que possui soluções de administração para produtores rurais, pela DeHaat. Depois da aquisição o time da VezaMart vai ser integrado a empresa e continuará desenvolvendo soluções para produtores rurais. Outras empresas desse segmento, como a Pomartech , estão se destacando no Brasil, oferecendo soluções de gestão para a fruticultura, com alto potencial de escalabilidade.
No Brasil, a Gympass adquiriu no final do ano passado a startup portuguesa Flaner, que possui soluções de inteligência artificial e machine learning. O CEO da Gympass, Leandro Caldeira afirmou que além da tecnologia da empresa ter chamado a atenção, a dificuldade em encontrar talentos na área em que a empresa opera motivou a aquisição da empresa. Tornando-se mais fácil adquirir uma empresa com um time sênior formado do que buscar novos profissionais individualmente.
Por que isso importa ao investidor?
Para o investidor, o fato de haver outros caminhos para a aquisição de uma startup é interessante. Já que isso aumenta as possibilidades de uma empresa ser adquirida, além da tradicional via da aquisição em que a marca é mantida e impulsionada por uma maior. Além disso, o investidor não fica dependente da empresa tornar-se um unicórnio para obter ganhos exponenciais com seu investimento.
O número de aquisições motivadas por essas outras razões elencadas, certamente supera os números de aquisições tradicionais. De qualquer maneira, o investidor vai continuar tendo rentabilidade, tanto a empresa sendo vendida mantendo sua marca, quanto a empresa sendo vendida em razão de seu time de profissionais ou sua tecnologia.
A CapTable , plataforma de investimentos da StartSe, oferece a oportunidade de investir em startups em seu período inicial, proporcionando a chance de você investir em uma startup que pode vir a ser adquirida no futuro.
2 – Liv Up adquire a VYA
Com um plano de negócios bem robusto, a startup de alimentação saudável Liv Up anuncia sua primeira aquisição: a VYA, que oferece alimentos refrigerados saudáveis em escritórios. A aquisição vai bem em linha com o core business da empresa, e a Liv Up parece bem decidida a crescer, dizendo que planeja triplicar seu tamanho em 2020.
Menos de 6 meses após receber um aporte de R$ 90 milhões, a Liv Up viu na VYA uma maneira de crescer e aumentar seu portfólio de maneira rápida e eficaz: “Foi a oportunidade de acelerar o crescimento do canal com uma carteira de clientes sólida e representativa, além disso, a VYA é totalmente alinhada com o nosso propósito”, revelou Victor Santos, CEO e cofundador da Liv Up. “Estamos trazendo uma equipe competente, que desenvolveu um projeto consolidado e que vai fortalecer ainda mais nosso time” completou o executivo.
A estratégia da empresa é unir a expertise comercial da VYA à plataforma tecnológica e portfólio da Liv Up, com o intuito de chegar em 200 escritórios até o final deste ano. O objetivo é proporcionar uma experiência de compra totalmente digital. “Queremos estar onde os clientes precisarem da gente. Nosso objetivo é fazer com que comer bem seja algo fácil”, complementa Victor.
3 – Magazine Luiza compra divisão online da Livraria Cultura
A notícia da compra da Estante Virtual da Livraria Cultura, que encontra-se em recuperação judicial, pelo Magazine Luiza agitou o mercado nesta última semana. Especialistas apontam que a empresa pode ser a principal ameaça para a Amazon aqui no Brasil.
Fechada em R$ 31 milhões, a operação aconteceu na última quinta-feira, 28/01 em leilão realizado na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais e marca mais um movimento de ampliação da companhia, que também é dona da Netshoes, Zattini e Época Cosméticos.
A aquisição vai ao encontro da estratégia da empresa, que pretende estar presente nos mais diversos canais e, principalmente, nas plataformas digitais, tornando-se um marketplace completo para o consumidor.
Além disso, o know how dos novos negócios adquiridos fortalecem a marca e o seu SuperApp, ampliando assim, suas categorias de atuação por incorporar novos profissionais com novos olhares e talentos. No livro “A Estratégia da Inovação Radical”, Pedro Weingartner, comenta muito sobre isso, explicando a visão do CEO Fred Trajano de reduzir, cada vez mais, as barreiras entre as lojas físicas e o virtual.
4 – Apetite voraz
Parece que o apetite por startups tem tomado conta do mercado. Recentemente, a Sapore, empresa de restaurantes corporativos, adquiriu três empresas do setor de alimentação, são elas: a Lucco Fit, de comidas saudáveis; a Shipp, de entregas; e a Zaitt, que tem uma rede de mercados inteligentes e desenvolve sistemas de automação para o varejo. O valor da operação não foi revelado, mas está dentro do orçamento da holding da empresa, a Abanzai, de R$ 20 milhões.
Com as aquisições, a Sapore pretende alavancar processos internos de inovação e, até mesmo, práticas referentes à Transformação Digital.
De acordo com Mendez, fundador e presidente da Sapore, o modelo de investimento em startups via holding é uma forma de fazer com que as companhias mantenham sua independência. A ideia é que as startups não percam sua agilidade e capacidade de inovação ao se integrar a uma estrutura maior.
5 – Pode vir concorrência
Mais uma aquisição à vista! A gigante dos meios de pagamento, Visa, anunciou esta semana a compra da Plaid por US$ 5,3 bilhões. A startup fundada em 2012, oferece um software de transferências digitais diretamente da conta bancária do usuário.
Esta aquisição nos mostra que mesmo sendo uma das maiores no setor de pagamentos, a Visa está se movimentando para ficar menos dependente do seu modelo de negócio (cartões de crédito), uma vez que o número de transações e pagamentos digitais (como e-wallets e QR Code) vêm aumentando a cada ano.
A concorrência agora vem de todos os lados, inclusive de players não óbvios (lembra quando falamos no podcast sobre ter medo da concorrência?) e que, talvez, não seriam mapeados em um momento anterior – como as transferências digitais, serviço que a Plaid oferece.
6 – Itaú compra a Zup
Nesta semana, o Itaú anunciou a compra da Zup, startup de soluções digitais com 900 funcionários, fundada em 2011, em Uberlândia. O valor da negociação foi nada menos que R$ 575 milhões a ser concretizada em quatro anos. A gestão da startup, especializada em big data, seguirá em separado do banco.
Fonte: Startse