Por Rony Meisler

Você não vai acreditar: um cara comeu uma barra de chocolate, foi até a polícia e pediu pra ser preso. Sim, filhão, o cara queria ser algemado porque sabia que naquele doce tinha trabalho infantil.

Cena de filme

Era 2003. Um grupo de jornalistas holandeses descobriu que, mesmo com acordos internacionais e promessas das gigantes do setor, milhões de crianças ainda ralavam nas plantações de cacau da África Ocidental.

Um deles, Teun van de Keuken, que virou “Tony” pra gringa entender, não se conformou. Engoliu um chocolate de marca famosa e marchou pra delegacia: “Me prende, tô compactuando com trabalho escravo!”.

O policial, claro, achou que o cara tava doido. Mas a provocação foi brilhante. Se nem a lei pegava os tubarões, que ao menos a mídia colocasse holofote.

A solidão dos loucos visionários

Sem apoio das grandes, eles resolveram criar a própria barra. Daí o nome: Tony’s Chocolonely. Tony, o jornalista maluco; Chocolonely, porque era uma jornada solitária contra a indústria inteira.

E até a barra era esquisita: dividida em pedaços desiguais. Não era bug, era statement. Pra mostrar que uns pegam pedaços gigantes do bolo, enquanto outros, os fazendeiros de cacau, ficam só com as migalhas.

Do grito ao negócio

Em 2005, a primeira barra foi lançada. Colorida, chamativa, deliciosa. E com um manifesto claro: chocolate sem escravidão.

A missão virou diferencial. O consumidor mordia e sentia gosto de cacau, mas também de propósito.

O boom do sucesso

  • Na Holanda, Tony’s virou líder de mercado rapidinho.
  • Em 2015, aterrissou nos EUA e já está nas prateleiras de Whole Foods, Target e Walmart.
  • Hoje, a marca é presença global, crescendo acima da média do setor.
  • Só em 2023, as vendas subiram 23%, batendo US$ 162 milhões em faturamento.
  • O sabor mais vendido? Caramelo com flor de sal — virou ícone cult.

E não é só barra: eles criaram um braço chamado Tony’s Open Chain, que permite outras marcas comprarem cacau rastreável e justo. Adivinha quem já entrou? Ben & Jerry’s, gigante dos sorvetes com propósito.

Ou seja: o protesto virou produto, que virou marca, que virou movimento, que agora influencia até concorrente grande.



  • Problema grande = oportunidade giganteTony’s olhou pro maior tabu da indústria e transformou em diferencial. Qual é a dor que todo mundo varre pra debaixo do tapete no seu setor? Talvez aí esteja a sua mina de ouro.
  • Propósito não é discurso bonito, é estratégia de mercadoNão é sobre ter uma frase de efeito no site, é sobre dar motivo real pro cliente pagar mais caro, voltar e indicar. Se a sua marca não tem um “porquê” que faz brilhar olho, tá perdendo espaço.
  • Design também é mensagemUma barra torta fala mais que mil campanhas. A forma, a embalagem, a experiência — tudo pode carregar o manifesto da sua marca. O que no seu produto já poderia estar contando sua história, mesmo em silêncio?

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