1 – Toda empresa pode usar OKRs?
Você já deve ter ouvido falar do conceito de OKRs por conta do Google, que popularizou o método de acompanhamento de performance e resultados em empresas. Porém, foi Andy Grove (que vira e mexe é citado nos episódios do podcast), ex-CEO da Intel, o criador do método, usado para tangibilizar metas.
Toda ideia, na verdade, é baseada em aproximar os funcionário dos objetivos-chave de uma corporação. E também além de métricas de faturamento e financeiras. Como um funcionário contribui diretamente (e de uma maneira mais ligada a rotinas e entregas do dia a dia) com as metas?
Os Objectives Key Results têm que ser tangíveis a todos e bem calibrados. Há estudos que indicam que, se os objetivos forem muitos fáceis, ou muito difíceis, a desmotivação do time é certeira. Os OKRs são uma boa medida disso, pois pede acompanhamento e revisões constantes. Sem medir resultados, não é possível o acompanhamento das facilidades (ou, claro, dificuldades) de atingi-los – e assim, não consegue iterar para encontrar pontos-chave da execução.
Há ainda o questionamento de: quem deve definir esses OKRs? Normalmente, a liderança determina as metas, que são cascateadas entre áreas, departamento e indivíduos. O ponto a ser levantado aqui é que isso acaba limitando o que as pessoas irão fazer (ao invés de torná-las responsáveis por isso), o que não condiz com o ambiente de inovação.
2 – Qual o perfil de um bom empreendedor?
Com a expertise de já ter acelerado 300 startups e investido em 114 delas, a Ace ganha com o tempo (e após analisar milhares de pitches) a habilidade de avaliar um bom empreendedor. Coisa que, na opinião de Pedro Weingertner, tem mais a ver com comportamento do que com a função que exerce profissionalmente.
Dessa experiência, nasceu também uma análise do arquétipo empreendedor ACE, com cinco principais características. São elas:
- Propósito: uma conexão afetiva com o problema que se dispôs a resolver. Não precisa ser uma sinalização de virtude, mas se manifesta como algo que move o desejo de sair da cama.
- Riscos Calculados: não é pegar um empréstimo no banco e não saber como pagar depois. Tem a ver com desafios moderados e planejamento, tendo consciência do desafio assumido.
- Coachability: é ter a capacidade de agir rapidamente ao receber feedbacks e ser absolutamente resiliente. Saber receber uma crítica negativa e ainda assim seguir em frente.
- Consciência: é usar o auto conhecimento em função de prever reações diante de situações estressantes. Além da capacidade ágil de se recuperar delas. O empreendedor deve ser consultor de si mesmo em situações difíceis.
- Network estratégico: é saber usar a sua rede, muitas vezes mais focado no estratégico do que no afetivo. Isso não é fácil, principalmente para os introvertidos, característica constante nos empreendedores.
3 – Como empresas bem-sucedidas redefinem seus negócios
Há cerca de 8 anos, foi lançado um estudo global feito pela Harvard Business Review sobre o alto crescimento das empresas.
Este estudo investigou a importância de três estratégias conhecidas para promover crescimentos exponenciais nas companhias:
— Criar novos mercados;
— Atender todas as necessidades dos stakeholders;
— Mudar as regras do jogo.
E embora todas essas estratégias continuem projetando o crescimento de várias empresas até os dias atuais, há um quarto elemento que não foi considerado e que atualmente é crucial para o sucesso de qualquer negócio.
Falamos isso porque este item é um dos principais responsáveis por ter feito com que a própria StartSe conseguisse crescer 25 vezes em 4 anos.
Um item tão crucial que, se você fizer todas as outras coisas do jeito certo e deixar somente este quarto elemento de lado, seu negócio provavelmente não irá prosperar no longo prazo…
Este elemento é o propósito.
Mas calma: não se trata de papo motivacional, muito menos de pendurar palavras bonitas na parede da sua empresa…
Estou falando de algo que, comprovadamente, deu e continua dando resultado não só para a StartSe, mas para muitas outras organizações que faturam milhões e milhões de reais todos os anos.
E você já vai entender por que é tão importante se atentar a isso se você quer que seu negócio continue vivo e lucrativo nos próximos anos.
O coordenador do curso Master em Liderança e Gestão de Pessoas da FGV e coordenador do módulo de Liderança e Alto Desempenho do Programa CEO FGV, João Brandão afirma que a geração Y e Z “têm uma consciência social e econômica, valoriza o que é sustentável, e se preocupa em fazer parte da mudança daquilo que acreditam ser o melhor para mundo”.
Isso basicamente quer dizer que você não vai conseguir reter seus colaboradores apenas oferecendo um aumento no salário ou dando mais benefícios.
Sim, isso já funcionou por muitos anos… mas, como você sabe, o mundo mudou.
Agora, as gerações atuais buscam muito mais do que uma simples realização financeira. Eles querem mais flexibilidade, liberdade de tempo e, principalmente, querem sentir que o trabalho deles impacta positivamente o mundo de alguma maneira. É aí que entra o propósito.
Quando o propósito da sua organização está alinhado com o propósito e os valores dos seus colaboradores, você consegue:
— Criar um clima organizacional excelente, que deixa todos mais felizes por terem mais liberdade;
— Extrair os melhores resultados de cada um;
— Fazer com que trabalhem como donos da empresa por livre e espontânea vontade, sem precisar de cobranças;
— E gerar lucros exponenciais para o seu negócio.
4 – Trabalhar em Squads é para todos?
Do bom português: os esquadrões são os times multidisciplinares que trabalham com bastante autonomia para chegar a uma resposta para dado desafio, atuando em ambiente de alta incerteza.
Muitas empresas têm conceitos errados do que são Squads e como aplicá-los. Não basta colocar pessoas de áreas diferentes trabalhando em uma mesma mesa. É necessário dar a elas um objetivo (um grande problema da companhia, por exemplo) em comum.
O uso mais conhecido, e também a origem, é em empresas de desenvolvimento de softwares, pensando no ganho de agilidade de entrega do produto. Mas isso implica no que? Uso de pensamento lean, colocar o cliente no centro, autonomia para tomadas de decisão, visão de produto completa e entrega contínua.
O direcionamento é um só: “a empresa precisa chegar nesse objetivo. Façam do jeito que acharem melhor, com os processos que julgarem pertinente, contanto que o resultado seja entregue”. Sim, podemos emular o ambiente de uma startup, no sentido de dar autonomia e agilidade para moldar o produto de acordo com feedbacks de clientes – e redirecionar a rota sempre que necessário.
Nos Squads não existem cargos, mas existem funções, como o Product Owner, responsável por manter o projeto nos trilhos usando o olhar do cliente, e o Scrum Master, responsável pelas rotinas e processos.
Se o conceito de Squads não se aplica a empresa, há outras maneiras de adotar o Agile no dia a dia da companhia, como explorar células ágeis, rotinas ágeis, etc.. Cada nível de aplicação pode ser pensando para diferentes áreas de empresa.
5 – Livros que todo empreendedor deve ler
corredores. Gostamos de compartilhar conhecimento e, principalmente, quais os livros estão na
nossa lista de próximas leituras.
Adoramos indicar livros, principalmente, aos nossos empreendedores e compartilhar as lições dessa jornada. São livros que têm diretamente a ver com o business, outros mais motivacionais, alguns técnicos…Começamos pela tríplice básica (e aprofundamos muito mais no podcast): Startup: Manual do Empreendedor, do Steve Blank, de quem o Arthur é fã e chama de “Kotler do empreendedorismo”.
A Startup Enxuta, do Eric Ries (que, aliás, vai passar pelo Brasil em breve, mas isso é tópico para outra nota), discípulo do Blank e um dos precursores do movimento lean.
Business Model Generation, de Alexander Osterwalder, que não usamos na ACE. Acho o conceito confuso, mas, do ponto de vista metodológico, inaugurou o conceito de canvas – e daí derivam-se também alguns modelos de workshop de post it.
Outros recomendadíssimos são The Innovator’s Solution, do já muito citado em nosso podcast Clayton Christensen, e o High Output Management, do Andrew Groove, que traz conceitos básicos de gestão.
Para ler (ou ouvir) a lista completa e todos os comentários, basta clicar aqui!
6 – Case Magazine Luíza
A esmagadora maioria dos brasileiros ainda ignora essa ferramenta nos seus negócios…
Mas a maior varejista do Brasil alcançou esse título, justamente por dominar o que apenas 1,6 por cento das empresas nacionais utilizam.
Se você investe na Bolsa brasileira, com certeza você a conhece… suas ações simplesmente são as que melhor performaram de 2015 para cá… chegando a somar 1.134 por cento de crescimento.
Claro que a história da Magazine Luiza nem sempre foi positiva. Na verdade, seu IPO aconteceu em 2011, e em 2015 (antes do boom), a empresa teve a sua menor cotação de todas.
Mas utilizar um novo método, foi o que fez a empresa crescer mais de 10 vezes em apenas 4 anos.
A Magazine Luiza sofreu uma transformação digital, e passou a operar ativamente como um e-commerce. O que outras varejistas também já fazem.
O que provocou uma mudança de patamar na empresa de fato, foi a implementação de uma ferramenta feita por um cara chamado Guilherme Treviso.
Veja, considerando que a Magazine Luiza é uma empresa de varejo e ofertas diretas, a experiência de compra precisava ser rápida. E normalmente a objeção que mais atrasa a decisão de um cliente do varejo é o preço.
Logo, o Guilherme e sua equipe desenvolveram uma metodologia de pricing para a empresa que mudou a experiência dos seus clientes para melhor….
Eles precisavam encontrar uma forma de automatizar os processos de desconto, de um modo que atendesse o cliente e que a empresa perdesse o mínimo possível.
Como o preço que uma pessoa em relação a outra está disposta a pagar varia muito… era impossível encontrar uma forma de personalizar os descontos para cada usuário… não fosse a expertise do Guilherme Treviso em Inteligência Artificial.
Antes dessa ferramenta, um usuário levava até 40 minutos para concluir uma compra (tempo suficiente para desistir dela), hoje, ao ter uma experiência personalizada e receber uma oferta no preço ideal, o tempo médio das compras caiu para um décimo do tempo e costumam ser concluídas em apenas 4 minutos.
Talvez essa redução do tempo do processo de compra (10 vezes menor) esteja diretamente relacionado ao crescimento da empresa nos últimos 4 anos (10 vezes também).
Mesmo no seu pior momento, para a Magazine Luiza não foi difícil se tornar o maior varejista do Brasil quando eles começaram a utilizar tecnologias que o restante do país ignorava.
Quando menos de 2 por cento das empresas do seu país utiliza uma tecnologia capaz de otimizar e automatizar processos, você tem a chance de despontar de todos os seus concorrentes se fizer primeiro.
Por isso, nós chamamos o Guilherme para ser um dos palestrantes do maior evento de Inteligência Artificial do Brasil, Inteligência Artificial Conference e contar o que ele fez para estruturar a dinâmica automatizada de preços do maior varejista do Brasil.
Organizado pela StartSe com a I2AI (International Association of Artificial Intelligence), o evento vai acontecer em São Paulo no dia 30 de outubro. Nele, nós vamos reunir nomes como Alexandre Del Rey (I2AI), Samir Araújo (Amazon Web Service — AWS), Jordi Torras (Inbenta), Gisele Takekawa (Ambev), Sandro Giovanni (Embraer), Steven Choi (Olivia) e muitos outros, para falar sobre a atual aplicabilidade da Inteligência Artificial em suas empresas.
7 – Modelo Reserva de inovação
Como um vendedor de bermudas em Ipanema fatura 400 milhões por ano e teve a empresa como a única brasileira na lista das mais inovadoras do mundo de acordo com pesquisa da Fast Company?
Simples: criando uma empresa de negócios que usa tecnologia e não uma empresa de varejo que vende roupas:
“Hoje somos uma plataforma de negócios que escala ideias diferentes por meio da logística e da tecnologia. Essa plataforma é uma espécie de placa-mãe, um hub que atende todas as marcas do grupo, combinando administrativo, financeiro, tecnologia, logística, fornecimento e expansão“, define Rony Meisler, CEO do Grupo Reserva.
Um dos diferenciais da Reserva é o mindset capaz de transformar fracassos em oportunidades. Hoje um dos novos projetos do grupo é o Faça.VC, onde qualquer designer poderá abrir sua própria loja na internet.
Ele faz o upload das suas artes na plataforma e depois a Reserva opera o resto, desenvolvendo e estampando o produto, e depois concluindo a entrega e processando o pagamento.
O embrião desse projeto nasceu de um fracasso da Reserva com a iniciativa Use Huck, grife criada em 2011 pelo apresentador e sócio da empresa, Luciano Huck.
Por engano, uma estampa com a frase de carnaval “Vem ni mim que eu tô facin” foi aplicada em uma camiseta infantil. A internet viu e começou a acusar a marca de incentivar a pedofilia. A marca Use Huck teve que ser fechada.
“Hoje, o projeto Faça.VC já é dez vezes maior do que o Use Huck. Nesse sentido, o Grupo Reserva é muito parecido com a Amazon. Você acha que um negócio terminou, mas na verdade só terminou um nome. A tecnologia a gente guarda e usa em novas propostas.”
Outra grande sacada da loja é a visão Customer Centric. Rony tem um caderninho chamado Experiência Reserva, onde estão anotadas todas as experiências legais que ele e o time de colaboradores testaram para aumentar o encantamento dos clientes.
Daquele caderninho com mais de 5 mil anotações nasceram projetos como o sistema Now, um cadastro de vendas integrado ao CPF do cliente que mostra quais produtos a Reserva lançou com maior potencial do cliente comprar.
E do Now nasceu o Reservado, produtos selecionados com Inteligência Artificial, com entrega a domicílio. O cliente experimenta com calma e escolhe o que quer. O vendedor cobra as compras no cartão de crédito e recolhe o que não foi escolhido. “O Now Reservado já representa 23 por cento do faturamento da rede”, afirma Meisler.
Não são as novas tecnologias que vão reinventar as empresas, mas sim a forma dos líderes e gestores usarem essas tecnologias para criarem algo novo para os clientes.